Desejo. Vontade latente de. Impulso, atração, excitação. Querer, almejar, cobiçar. Vontades, quereres, aspirações, interesses. Tentação, tesão, fantasia, libido. Ambicionar, pretender. Esperar, perseguir, suspirar. Aspiração, ambição, necessidade que se quer satisfazer. Apetite, sede, anelo, anseio, ânsia. Sensualidade, voluptuosidade, luxúria, lubricidade, lascívia, libidinagem, libertinagem, erotismo, sexualidade, apetite, languidez, afrodisia. Vontade incontrolável e instintiva.
Rama me despertava desejo. Algo estarrecedor. Aquele tipo de desejo que te tira do eixo. Como era casado com Assia, pelos meus valores e pela forma como fui criada, aquela atração era proibida. Minha formação foi católica, o que me fazia sentir culpa de desejar um homem casado e, minha mãe, sempre abominou mulheres que traiam os maridos e mulheres que eram amantes do marido das outras. Minha avó, a mãe da minha mãe, traía meu avô, porque foi obrigada a casar com um pretendente escolhido pelo pai, alguém que ele achava que seria o homem certo para ela, um homem que ela não gostava, não tinha por ele a mínima conexão, atração, sentimento, nada. Ela gostava de outro homem mas, não podia se casar com ele. Pensou em fugir com Ruben, o homem que ela amava, mas sentia medo de matar o pai de infarto pelo desgosto ou do pai ir atrás deles, encontrá-los e matar Ruben. Acabou se casando com Alcides, o escolhido para Dolores, a minha avó. Ela era linda, tão linda que parava a cidade quando andava em volta do coreto da praça central nas noites quentes de verão. Que pesar desperdiçar um grande amor, deixar ir sentimentos, sonhos, vontades, paixão, momentos sublimes e destinos cruzados que acabam se desviando, se extraviando, saindo do que era pra ser um encontro carnal e espiritual. Todos os encontros, tem um propósito.
Naquele momento, em minha mente racional e, que aliás uso pouco, para seguir meus valores de menina bem criada, moça de família e não infringir a moral imposta pela minha mãe, pela igreja católica e pela sociedade, eu não podia, em hipótese alguma, ter uma noite incrível com um cara casado. Eu tinha que ser uma moça bem comportada, correta e matar sufocado aquele desejo latente que pulsava em meu corpo. “O que os outros vão pensar? O que os outros vão falar? Mulher que trai o marido, não presta. Mulher que anda com o marido das outras, não vale nada.” Essa fala de minha mãe, que ouvi durante toda a minha adolescência, ecoava em minha consciência. Minha mãe queria que eu tivesse casado virgem, como ela se casou, imaginem, ter um homem só a vida toda? Experimentar um homem? Casar sem saber como vai ser? E se não fosse bom na cama? E se não desse liga, se não tivesse pele, química? Fazer amor sem tesão? Sem sentir prazer? E por toda a vida?
Isso seria uma sentença de morte, não? Para mim, sim. Matar o desejo e o prazer, é matar a vida. Continua…